24 junho 2006

Bahias na copa

RENAT0 BAHIA


Tenho percebido, no pouco tempo de convivio com demais jornalistas do Brasil, que as coisas por aqui, como no nosso país, também se dividem em classes.
Por exemplo, aqui temos uma "elite jornalística", formada basicamente por estes homens e mulheres vestidos de verde. "Coincidentemente", sao deles os melhores locais nos estádios. Além disso, eles nao se sujeitam à temida "zona de mídia" para entrevistar os jogadores; sempre ficam instalados num andar no hotel da selecao, com sala de imprensa, de entrevistas, etc... assim, podem entrevistar os jogadores exclusivamente, realizar mesas-redondas e tudo mais o que quiserem. Não se locomovem nos ônibus disponibilizados para a mídia; possuem carros próprios com motoristas, quem carregue os equipamentos, enfim, toda uma estrutura à disposicao. Tambem muitos nao gastam com as passagens aéreas; normalmente esses vêm de "carona" no aviao da selecao... (Será que é por isso que ainda nao tenho escutado nada sobre a "máfia dos ingressos"? ). A única coisa que nao consigo entender é o seguinte: qual será a filosofia jornalística da empresa de comunicacao que pede o fim dos privilégios e "protecoes" em setores como o judiciário, política e etc?!?! Interessante se falar em fim de privilégios DOS OUTROS, nao? É por isso que eu sempre digo que a coisa só comeca a funcionar de verdade quando se tem EXEMPLOS partindo de nós mesmos. Infelizmente nao é o que acontece com os "homens de verde".
Bom, abaixo deles, vêm a "classe média" jornalística. Esses estao longe de ter os mesmos privilégios da elite, mas ambicionam a mesma coisa. Têm acesso aos jogadores, conhecem suas famílias e conseguem boas entrevistas exclusivas. A grande maioria está estabelecida no eixo Rio-SP e sempre reclamam dos privilégios dos homens de verde. Mas, sempre que possível, buscam também algumas regalias junto à CBF que os demais nao tem.
Finalmente vêm o "povao", a massa de jornalistas de fora do "eixo" RJ-SP-RS-MG... Esses sao mais aventureiros da Copa. Com pouquíssimos recursos, tem que se virar em quatro para poderem cumprir com suas obrigacoes profissionais. Muitos vieram sem as despesas pagas pelos seus órgaos; pagaram a passagem e hospedagem do próprio bolso em troca do salário de jornalista. Esses se deslocam de trêm pelo país e metrô pela cidade. Sao, ao mesmo tempo, repórteres, fotógrafos, carregadores de material, etc...
Quando estao no corredor para entrevistar algum jogador, raramente sao atendidos por estes, que passam sem ao menos responder a um chamado. Afinal, os jogadores ali preferem atender aos principais veiculos de comunicacao que lá estao. Ou, entrar rapidamente no ônibus para chegar no hotel e dar uma entrevista tranquila aos homens de verde. Afinal, dá muito mais ibope!
Resta ao "povao" tentar colar em alguem da classe média na hora das entrevistas na zona mista; dificilmente consegue fazer alguma pergunta a algum jogador mas, estando colado em algum destes, consegue gravar tanto a pergunta dos classe médias quanto as respostas dos jogadores e assim ter algum material de trabalho. E a Copa segue...

Nenhum comentário:

Postar um comentário