31 março 2009

Quem quer ser um milionário ?




QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO?

Ninguém apostaria que Jamal Malik chegasse a algum lugar; pelo menos,algum lugar fora daquela favela miserável em que nasceu e cresceu aos trancos e barrancos como crescem as ervas daninhas. Quem sabe, teria o destino dos seus iguais; com sorte, seria capanga de algum brutamontes explorador de crianças ou terminaria os dias cego, pedindo esmolas com um cantochão monótono e triste. Se fosse mulher, certamente seria prostituta, talvez desde os sete ou oito anos,s ubmetida a um odioso cafetão. Assim é na Bombaim que Jamil nasceu,hoje chamada Mumbai, mas parece que foi a única mudança que houve,mudou o nome, só: a miséria é a mesma, a fome não mudou nada, a violência crescente, doída, desumana, também não.
Mas, Jamal era diferente; tinha a marca dos vencedores que eu chamo a marca de Caìm; tinha auto-confiança,persistência e determinação,mas,sobretudo,coragem;suportou a fome, a insegurança, a tortura, a miséria extrema (perto das favelas da India, as do Rio são Vieira Souto), a morte da mãe, a separação da garota que amava. E, sobretudo, aprendeu com o sofrimento. E chegou lá.
Este é o tema do magistral filme ”Quem quer ser um milionário?” (Slumdog Millionaire), ganhador de 8 Oscars, desde a semana passada, no circuito. Todos deveriam vê-lo; esta ordem deveria estar na Constituição, nos decretos, na lei-gente! é imperdível!
A direção impecável de Danny Boyle, a interpretação dos atores, a música, as canções,os cenários, tudo, faz deste, um dos maiores filmes de todos os tempos. Dev Patel, que faz Malik, um jovem estreante, dá um banho de representação.
Irrfan Khan, um excelente ator, faz o chefe de policia de uma forma impecável .Ele é pago pelo dono do programa de perguntas e respostas ,uma espécie de Silvio Santos de lá, para extrair do rapaz o motivo de estar acertando todas as perguntas; um slumdog, (cachorro de favela ,Chica ,era como se tratavam as crianças na Índia) um favelado miserável e ignorante, como poderia ter tal conhecimento? Assistam o filme para saber.Como digo sempre,inteligência não é cultura e o doce Jamal provou que eu estou certa. Sem estudos e talvez escrevendo com erros gramaticais e ortográficos dá um banho nos intelectualoides que abundam em todos os lugares.
Quando o filme acabar,se vocês não estiverem cegos pelas lágrimas,que,naturalmente derramaram,não saiam da sala.Ainda teremos muita novidade,algo lindo,que lembra o “West Side Story”

RoteiroRoteiro_de_Filme_ou_Novela-->QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO? -- 01/03/2009 - 10:53 (Mirian de Sales Oliveira da Rocha) Extraído site Usina de Letras www.usinadeletras.com.br

'Matrix' faz 10 anos como ícone do cinema de ficção científica


Ter, 31 Mar, 10h10

Antonio Martín Guirado.

Los Angeles (EUA), 31 mar (EFE).- Além de ganhar quatro Oscar, arrecadar mais de US$ 460 milhões nas bilheterias e ter aberto as portas ao cinema do futuro, "Matrix" representou a simbiose entre espetáculo audiovisual e filosofia, e se tornou todo um fenômeno da ficção científica cuja estreia completa dez anos nesta terça.

Desde a imagem cibernética do começo, cujas letras e números verdes e desordenados se tornaram, depois, um clássico de protetor de tela para milhares de computadores, até seu emocionante e romântico final, "Matrix" é puro cinema do século XXI, apesar de ter estreado em 1999.

No filme, Thomas Anderson (Keanu Reeves), conhecido com Neo, descobre, graças a Morpheus (Laurence Fishburne), um dos mais procurados pelas autoridades na época em que se passa a produção, que o mundo no qual vive é uma ilusão gerada por computador, colocada diante de seus olhos "para esconder a verdade".

Essa "verdade", no filme, é que os seres humanos são escravos das máquinas, que, em determinado momento da história, se rebelaram. Como explica o longa-metragem: "Existem campos intermináveis onde os humanos não nascem. São cultivados".

Enquanto isso, a população vive em uma realidade virtual, a mesma que distrai as mentes humanas -em uma releitura do mito da caverna de Platão -, enquanto os corpos são usados como fonte de energia para manter as máquinas funcionando.

Aí começa a missão, repleta de simbolismo cristão, de Neo - anagrama de "One" ("Um"), o escolhido -, que deve liderar a luta pela liberdade da humanidade, a partir da cidade de Zion, com a ajuda de Trinity (Carrie-Anne Moss).

"Imagino que, agora mesmo, você esteja se sentindo um pouco como Alice. Entrando na toca do coelho?", ironiza em determinado ponto do filme Morpheus, em seu primeiro encontro com Neo.

Esta é uma das ocasiões na produção em que aparece este coquetel de referência a clássicos.

Os irmãos Larry e Andy Wachowski, diretores e roteiristas do filme, rechearam o filme, que possui fãs e críticos ferrenhos, com homenagens às suas produções favoritas no cinema.

Isso é visto nos dilemas sobre inteligência artificial, como em "O Exterminador do Futuro", o aspecto visual, que lembra "Blade Runner - O caçador de androides", o parasita que é introduzido no corpo humano, que remete a "Alien - O Oitavo Passageiro", ou a perseguição pelos telhados, como em "Um Corpo que Cai".

"Matrix", que conta com uma trilha sonora à altura e repleto de imaginação, combina as premissas da ficção científica tradicional com uma tecnologia em efeitos especiais nunca vista até então.

Um dos destaques do filme é a técnica "bullet time photography", uma grande desaceleração feita com a ajuda de computadores e que registra até 12 mil quadros por segundo, usada em cenas como a que Neo consegue desviar dos tiros de um dos agentes que o perseguem.

A meio caminho entre um relato futurista de Philip K. Dick e o cinema de artes marciais de Hong Kong, o resultado final da obra dos Wachowski iniciou o debate sobre a convergência cultural, entendida como uma participação muito mais global em suas manifestações.

Em torno da franquia (depois de "Matrix" vieram "Matrix Reloaded" e "Matrix Revolutions", ambos de 2003), foi criado todo um império baseado em histórias em quadrinhos, sites, desenhos animados e videogames, que eram partes fundamentais para compreender todo o universo da saga.

Essas peças do quebra-cabeças, que remetiam umas às outras, criando uma narrativa comum, levavam a história até terrenos não explorados na trilogia, o que fez com que a acolhida aos dois últimos filmes não fosse tão calorosa, já que eles traziam alguns detalhes desconhecidos do grande público.

Quem explica isso é Henry Jenkins, fundador do programa de Estudos Culturais dos Meios do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT), no livro "Cultura da Convergência".

"Muitos críticos arrasaram as sequências porque não eram suficientemente lógicas em si mesmas e beiravam a incoerência", acrescentou.

"Você acredita em destino?", "Você acredita que tem o controle de sua vida?", "O que é real?" são algumas das reflexões lançadas pelo primeiro filme ao longo de seus 136 minutos, antes de Neo, já convertido em messias, fale com o espectador e comece a voar, fechando a primeira parte da trilogia.

"(Vou mostrar às pessoas) Um mundo sem regras ou controles, sem fronteiras ou cercas. Um mundo onde tudo é possível. Para onde vamos é uma escolha que deixo para você", afirma o protagonista da saga. EFE

30 março 2009

Watchman - O filme

Watchmen - O Filme
Watchmen - O Filme
Angélica Bito




Quando Watchmen foi publicado nos EUA, entre 1986 e 1987, a tiragem era limitada. Nem a DC Comics apostou que esta história em quadrinhos de adultos que se fantasiam para combater o crime poderia conquistar os leitores. O fato é que a complexidade da obra de Alan Moore e Dave Gibbons, vista claramente na trama e nos personagens que conduzem os 12 capítulos da série, conquistou os leitores. Novas tiragens foram lançadas e elas seguem conquistando novos admiradores ao longo dos anos.

Um deles é Zack Snyder, que, depois de dar vida a outra graphic novel (300, seu longa anterior, é baseado em Os 300 de Esparta, de Frank Miller), encara novamente o desafio de dar movimento a uma HQ. Em Watchmen – O Filme - projeto que Hollywood ronda desde os anos 90 -, o diretor abraça a possibilidade de tornar cinematograficamente possível toda a complexidade da graphic novel, apresentando um filme de super-heróis para adultos.

A ação se passa em outubro de 1985, nos EUA, numa época marcada pela Guerra Fria e o iminente conflito nuclear entre o país e a União Soviética. O violento assassinato de Edward Blake (Jeffrey Dean Morgan) faz com que histórias esquecidas no passado venham à tona. Conhecido como Comediante, Blake fez parte de dois grupos de combatentes do crime que atuavam fantasiados pelas ruas dos EUA. Os Minutemen foram formados em 1940; a segunda geração, os Watchmen, atuaram até 1977, quando foi criada a lei Keene, que tornava ilegal a atividade de justiceiros mascarados. O assassinato do Comediante faz com que os personagens voltem a se reunir a fim de descobrir que tipo de conspiração é essa que levou ao crime.

Os grupos não são formados por super-heróis, mas sim pessoas que, talvez com desvios de personalidade, resolvem vestir fantasias para combater o crime; o único possuidor de poderes é o dr. Manhattan (Billy Crudup), um sujeito azul, luminoso que não usa roupas. Antes de ser transformado, ele atendia pelo nome de Jon Osterman. Trancado acidentalmente em uma câmara de testes durante um experimento de física nuclear, o físico é desintegrado, mas, ao invés de morrer, reaparece alguns dias depois como o dr. Manhattan, ostentando uma força super-humana, o poder da telecinese, de ser teletransportado para distâncias até mesmo intergaláticas, a manipulação da matéria em nível subatômico e a capacidade de ver o seu futuro.

Quem conduz a investigação acerca do assassinato do Comediante é Rorschach (Jackie Earle Haley), um cara duro que vive no submundo de Nova York e não deixou de usar sua máscara feita de um tecido cujas manchas são capazes de se mover independentemente – um tecido de látex feito com alta tecnologia, conforme a HQ explica. Como um detetive dos filmes noir, tanto no figurino quanto na narração em off que conduz à medida que escreve seu diário, Rorschach é um cara duro e violento, resultado de uma série de acontecimentos nada agradáveis em sua história. Logo ele ganha a ajuda do Coruja (Patrick Wilson) e de Laurie (Malin Akerman) – filha de uma musa dos Minutemen, a envelhecida e nostálgica Sally Jupiter (Carla Gugino) – para prosseguir com as investigações, enquanto o temor de uma guerra nuclear cresce a cada dia.

Watchmen – O Filme traz personagens complexos, protagonistas de tramas que se cruzam a todo momento, ao mesmo tempo em que o passado é explicado por meio de flash-backs. Esta narrativa toda picotada é característica que vem essencialmente da série em HQ original. Ao mesmo tempo em que mantém viva essa forte ligação entre a obra de Moore e Gibbons e o filme de Snyder, faz com que o longa apresente-se complexo demais para as grandes platéias, aquelas que procuram leveza numa sala de cinema. O que também acabou ocorrendo com a série original, aliás, lançada no mercado editorial revolucionando o conceito de quadrinhos sobre heróis. Embora revolucionária, nunca conquistou um público como as histórias de Homem-Aranha, Batman, Super-Homem e afins. Os heróis de Watchmen sempre foram repletos de defeitos, problemas de personalidade, traumas, tropeços, tornando-se melhor definidos como anti-heróis. Mas que conheciam a podridão da sociedade como poucos e, por isso, talvez tivessem uma idéia de como salvá-la. Afinal, é em busca da salvação mundial que os heróis sempre estão, mesmo sendo dos mais degenerados como os de Watchmen.

O que impressiona em Watchmen – O Filme é o cuidado que o longa tem com elementos estéticos da HQ, bem como algumas referências que continuam na obra cinematográfica, o tom de ironia dos personagens e da própria trama em si. Não à toa, Snyder confessou ter desenvolvido a direção do longa tendo a própria graphic novel fazendo as vezes de storyboard, o que fica bem claro quando o filme apresenta ângulos e movimentos de câmera que reproduzem a fluidez da obra original. Já a fotografia e a direção de arte ganham elementos sombrios nesta adaptação, diferentemente das muitas cores presentes na obra original. O tom aqui é noir, também pelo medo e a paranóia de uma guerra nuclear – presente não somente nos anos 80, mas no anos seguintes também -, que pairam a todo momento.

A caracterização dos personagens em Watchmen – O Filme foi feita de forma bastante cuidadosa, essencial para que os muitos fãs da obra original possam se sentir satisfeitos. Até a máscara de Rorschach, que está em constante mutação, ganha vida única na tela. Não somente esteticamente, mas psicologicamente, a densidade dos personagens é preservada no filme de uma forma como somente um fã poderia fazer. Snyder também deixa sua assinatura ao incluir alguns litros de sangue na trama.

Os diálogos e narrações também foram mantidos de forma fiel, o que acaba atrapalhando na fluidez narrativa. Afinal, estamos falando de cinema. Se na HQ cabiam tantas explicações textuais, no cinema o desafio é encontrar forma de transformá-las em imagem. Claro, estava aí um elemento complicado para esta adaptação: levar o próprio texto da obra original para o cinema e, embora a tarefa tenha sido concluída, ainda faltam arestas a serem aparadas. São essas arestas as que podem manter um público mais amplo longe dos cinemas. O excesso de diálogos e narração, bem como a extensa duração da produção – duas horas e 40 minutos –, são cansativos.

Fãs mais puristas podem torcer o nariz para a mudança no final, mas ela não é tão radical a ponto de fazer com que toda a história perca a razão de ser. Veículos diferentes pedem leituras diferentes, isso não é segredo para ninguém. A questão é: será que o filme conseguirá despertar o interesse e mantê-lo junto aos que não conhecem a obra original? O desafio que enfrenta neste segundo momento Watchmen – O Filme, depois de pronta a adaptação, é despertar o interesse do público adulto em personagens sem super-poderes que se fantasiam para combater bandidos. Desta forma, o longa não deixa de ser corajoso, algo que somente um fã como Snyder poderia ter realizado.

27 março 2009

DESABAFO


clique aqui e assista ao vídeo




[introdução]
Deixa,deixa,deixa
Eu dizer o que penso dessa vida
Preciso demais desabafar
[d2]
Segura!!!
[introdução]
Deixa, deixa, deixa
Eu dizer o que penso dessa vida
Preciso demais desabafar
Eu já falei que tenho algo a dizer,e disse
Que falador passa mal, e você me disse
Que cada um vai colher o que plantou
Porque raiz sem alma, como o Flip falou, é triste
A minha busca na batida perfeita
Sei que nem tudo ta certo, mas com calma se ajeita
Por um, mundo melhor eu mantenho minha fé
Menos desigualdade, menos tiro no pé
Andam dizendo que o bem vence o mal
Por aqui vou torcendo pra chegar no final
É, quanto mais fé, mais religião
Amor que mata, reza, reza ou mata em vão
Me contam coisas como se fossem corpos,
Ou realmente são corpos, todas aquelas coisas
Deixa pra lá eu devo ta viajando
Enquanto eu falo besteira nego vai se matando
Então
[refrão]
Deixa, deixa, deixa
Eu dizer o que penso dessa vida
Preciso demais desabafar
Deixa, deixa, deixa
Eu dizer o que penso dessa vida
Preciso demais desabafar
Ok, então vamo lá, diz
Tu quer a paz, eu quero também,
Mas o estado não tem direito de matar ninguem
Aqui não tem pena morte mas segue o pensamento
O desejo de matar de um Capitão Nascimento
Que sem treinamento se mostra incompetente
O cidadão por outro lado se diz, impotente, mas
A impotencia não é uma escolha também
De assumir a própria responsabilidade
Hein??
Que você tem em mente, se é que tem algo em mente
Porque a bala vai acabar ricocheteando na gente
Grandes planos, paparazzo demais
O que vale é o que você tem, e não o que você faz
Celebridade é artista, artista que não faz arte
Lava mão como pilates achando que já fez sua parte
Deixa pra lá, eu continuo viajando
Enquanto eu falo besteira nego vai, vai
Então deixa...
[refrão]
Deixa, deixa, deixa
Eu dizer o que penso dessa vida
Preciso demais desabafar
Deixa, deixa, deixa
Eu dizer o que penso dessa vida
Preciso demais desabafar

13 março 2009

Relacionamentos, por Arnaldo Jabor.

Sempre acho que namoro, casamento, romance tem começo, meio e fim. Como tudo na vida. Detesto quando escuto aquela conversa: - 'Ah, terminei o namoro... ' - 'Nossa, quanto tempo?' - 'Cinco anos... Mas não deu certo... Acabou' - É não deu...? Claro que deu! Deu certo durante cinco anos, só que acabou. E o bom da vida, é que você pode ter vários amores. Não acredito em pessoas que se complementam. Acredito em pessoas que se somam. Às vezes você não consegue nem dar cem por cento de você para você mesmo, como cobrar cem por cento do outro? E não temos esta coisa completa. Às vezes ele é fiel, mas não é bom de cama. Às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel. Às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador. Às vezes ela é malhada, mas não é sensível. Tudo nós não temos. Perceba qual o aspecto que é mais importante e invista nele. Pele é um bicho traiçoeiro. Quando você tem pele com alguém, pode ser o papai com mamãe mais básico que é uma delícia. E às vezes você tem aquele sexo acrobata, mas que não te impressiona... Acho que o beijo é importante... E se o beijo bate... Se joga... Se não bate... Mais um Martini, por favor... E vá dar uma volta. Se ele ou ela não te quer mais, não force a barra. O outro tem o direito de não te querer. Não lute, não ligue, não dê pití. Se a pessoa ta com dúvida, problema dela, cabe a você esperar ou não. Existe gente que precisa da ausência para querer a presença. O ser humano não é absoluto. Ele titubeia, tem dúvidas e medos, mas se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta. Nada de drama. Que graça tem alguém do seu lado sob chantagem, gravidez, dinheiro, recessão de família? O legal é alguém que está com você por você. E vice versa. Não fique com alguém por dó também. Ou por medo da solidão. Nascemos sós. Morremos sós. Nosso pensamento é nosso, não é compartilhado. E quando você acorda, a primeira impressão é sempre sua, seu olhar, seu pensamento. Tem gente que pula de um romance para o outro. Que medo é este de se ver só, na sua própria companhia? Gostar dói. Você muitas vezes vai ter raiva, ciúmes, ódio, frustração. Faz parte. Você namora um outro ser, um outro mundo e um outro universo. E nem sempre as coisas saem como você quer... A pior coisa é gente que tem medo de se envolver. Se alguém vier com este papo, corra, afinal, você não é terapeuta. Se não quer se envolver, namore uma planta. É mais previsível. Na vida e no amor, não temos garantias. E nem todo sexo bom é para namorar. Nem toda pessoa que te convida para sair é para casar. Nem todo beijo é para romancear. Nem todo sexo bom é para descartar. Ou se apaixonar. Ou se culpar Enfim... Quem disse que seria fácil? Arnaldo Jabor

09 março 2009

Um dia perfeito

Um dia perfeito !Ai...que dor no peito! É o coração apertado, não tem jeito. Quanto mais se pensa, mais se percebe o defeito. Quer a posse a qualquer preço... Mas você não me pertence e não há conserto. Já vem de fábrica, sem garantia este é o conceito. Eu não sabia e já está feito. A dor que doía fez efeito. Matou-me outro dia, estava eu na pilha do ciúme, comendo estrume, num dia de sol, um dia perfeito...
Nilo dos Anjos

GUERRA CIVIL COMBINA COM BRASIL





GUERRA CIVIL RIMA COM BRASIL



“Porque, agora, vemos como em espelho,obscuramente; então,veremos face a face.” 1 Co., 13:12



Waldo Luís Viana*



Quando era criança, adorava um joguinho com lápis e papel, em que aparecia uma série de pontos num quadrado para interligar. Unindo ponto a outro, ao final surgia o gorila. E como era feio o bicho. E eu sorria... O tempo passou, fiquei adulto, mas permaneceram os olhos e as lembranças do menino. Todavia, não sorrio mais. O que estou vendo hoje, interligando os pontos, é muito perigoso. Resta apenas desmoralizar as Forças Armadas e o Supremo Tribunal Federal como instituições. Como na Jerusalém do passado, não sobrará pedra sobre pedra, como um dia lamentou Jesus. Advirá o momento em que o diálogo entre o governante e o povo será direto, sem intermediários. Teremos então a flor do Lácio do totalitarismo... O gorila estará visível e nu, como todo poder anticrístico. As instâncias intermediárias, as forças que auxiliam a sociedade civil a se proteger de nada mais valerão, a não ser para legitimar o estupro da nação. E nem será necessário colocar a oposição na cadeia, como queria Bakunin, porque neste país se opor é ato que beira o mau gosto. Oposição é crime de lesa-majestade! Nenhuma resistência acontecerá, porque todos se tornaram malandros e não vão colocar a cabeça de fora para ser decepada. E o país rumará ao patíbulo, sem a defesa de seus filhos. Primeiro, tiveram que desmoralizar a classe política que está misturada ao pior esterco da corrupção; em seguida, a atmosfera de insegurança nas cidades e nos campos se generalizou, com assassinatos e o patrocínio do crime organizado ao delírio geral das drogas; mais adiante, a destruição da educação, da saúde e dos valores morais, como causas antiquadas e “cívicas” a serem minimizadas cotidianamente pela mídia. Vemos até o presidente da República atirando camisinhas ao populacho, nem se importando em discutir uma correta política de controle da natalidade. Aliás, reproduzindo-se feito moscas, os pobres e miseráveis serão o caldo de cultura para a futura sociedade planificada na vontade de um homem só e seus asseclas. Se isso não for fascismo, não sei como se chama... Estamos, finalmente, vivendo um filme de terror, em que os brasileiros são os mortos-vivos. Os movimentos sociais e sindicais permitidos vão fazendo o jogo de cena, próprio das ditaduras, fingindo opinião que não mais detêm, emudecidos por verbas oficiais. Estão calados e bem pagos, como estátuas de sal (ou pré-sal)... Estou emitindo essas considerações, mas não sei até quando poderei fazê-las. A sensação de inutilidade, de malhar em ferro frio, é onipresente, porque é próprio das ditaduras desmoralizar qualquer oposição, colocando o crítico eventual numa situação de paralisia psiquiátrica. Passou-se o tempo em que nos chamavam de “reacionários de direita”. Agora, somos loucos mesmo, os que ousam remar contra a pretensa maré da maioria... Alguns de meus censores, candidamente, me perguntam: por que você critica tanto o presidente? E eu respondo; tenho 53 anos e nasci durante o governo Café Filho, sujeito honestíssimo e de caráter ilibado. Aos catorze anos, na casa de meu pai, em plena ditadura, pude conversar por cinco minutos com um estadista, o ex-presidente Juscelino Kubitschek, e o SNI fotografava todos os que entravam no edifício. Testemunhei o transcurso do regime militar, os governos Sarney, Collor, Itamar, Fernando Henrique e o atual. Cumprindo o princípio da história brasileira contemporânea, de que o futuro é sempre pior que o passado, jamais vi em minha vida um presidente tão descomposto e hilariante na capacidade de dizer asneiras e batatadas. Pensava que o mais folclórico, nesse sentido, teria sido o general Figueiredo, mas o atual, sem qualquer dúvida, bateu todos os recordes. Ele é o anticristo da estrela de cinco pontas que ainda vai nos trazer enormes tristezas e constrangimentos. E me recuso a crer que o brasileiro se identifique tanto assim com ele por ausência de espírito crítico, cultura e sabedoria. Não me recordo de ter sentido tanto medo e insegurança como hoje em dia. Mudei do Rio de Janeiro, onde ouvia toda noite, em certo bairro nobre, o som das metralhadoras, como se estivesse ao lado de minha cama. Cansado de tantas balas perdidas por perto, resolvi morar em cidade pequena e felizmente ainda não conquistada pela bandidagem. A despeito de tudo, não me calei. Quando ouço falar que o MST está matando gente em Pernambuco e que protesta contra o fechamento de suas “madrassas”, escolas de alfabetização terrorista e fundamentalista no Rio Grande do Sul, fico boquiaberto. Sou do tempo em que os estudantes da UNE protestavam contra o regime. Hoje, saem ridiculamente à rua para reivindicar meia-passagem nos ônibus e nos cinemas. Os estudantes “profissionais”, empanturrados de verbas públicas, calaram definitivamente a boca e parece que, em contrapartida, a juventude só se interessa mesmo por baladas regadas a maconha, crack, cocaína, LSD e ecstasy, para esquecer a realidade mórbida em que vivemos. E os combativos acadêmicos trotskistas de ontem são apenas os universitários conformistas de hoje, que passam trotes violentos... Sou do tempo em que havia preocupação com a proletarização das Forças Armadas. Hoje, além de desequipadas e sem opinião, vão ter que curtir os expurgos futuros causados pela ampliação da lei da anistia e da abertura de arquivos acusatórios sobre alguns oficiais de pijama, ainda vivos. É claro que sob o nobre pretexto de não repetir a tortura, sempre hedionda, o governo procura criar um clima de exagero ao comparar o que ocorreu na ditadura militar com o holocausto nazista. A solução é utilizar o erário para recompensar e enriquecer ex-guerrilheiros e alguns falsos terroristas queridinhos do governo vigente. No entanto, a protoditadura que aí está, não satisfeita, quer ainda armar o circo da divisão social. Como Mussolini, dividir a sociedade em compartimentos estanques para melhor governar e poder sobressair. Nesse contexto, temos o pobre, como entidade genérica eternamente defendida pelo salvador de plantão, colocado em litígio contra as classes dominantes, que nunca estiveram tão bem protegidas e prestigiadas, como neste governo. Negros insurgem-se contra brancos, homossexuais contra heteros, índios e quilombolas contra agricultores, mulheres contra homens, deficientes físicos contra não deficientes – enfim, onde possam se constituir subdivisões sociais e cotas politicamente corretas, eis aí o solo fértil para a manutenção e continuidade do poder protofascista. Com a palavra, o Duce de Garanhuns: nunca neste país... Mãos crispadas nos palanques, faces avermelhadas pelo porre da noite anterior, vai o governante cantando loas às próprias realizações, abrindo veredas para a sucessora predileta, um balão de ensaio caprichoso e sem carisma, fruto de teimosia que nenhum de seus acólitos ousa contestar, a não ser através de uma anticandidatura lançada como eram os antigos cristãos às feras famintas... Nunca neste país o ovo da serpente esteve tão prestes a rebentar. A nação é um paiol de pólvora e não me admirarei se focos de inconformidade, diretamente proporcionais ao terrorismo de alguns movimentos sociais, começarem a surgir. Afinal, guerra civil rima com Brasil e essa licença não pode deixar de ser acolhida com imensa preocupação pelo poeta. Podem dizer de mim o que quiserem, porque me acostumei a unir os pontos de um desenho de início incompreensível e aparentemente inextricável. E o gorila que aparece hoje, tal como o diabo, é grande ator na tarefa de iludir e fingir que não existe. Como disse o apóstolo Paulo, sentir como adulto faz com que esqueçamos a imagem de criança, posta no espelho e vislumbremos a verdade, face a face. Mas ao invés de Deus, o que aparece no Brasil é o gorila... _____* Waldo Luís Viana é escritor, economista, poeta e morre de medo de gorilas...Teresópolis, 28 de fevereiro de 2009.